texto: SERGIO VAZ ,MAIS UM POETA DA PERIFERIA .
COOPERIFA
Sobre Kichutes e chuteiras - Sérgio VazEm outubro é o mês em que se comemora o dia das crianças, depois do natal, esse é o dia mais aguardado para qualquer menino ou menina, pois, teoricamente é um dia para receber presentes.Pra ser sincero não tenho boas lembranças dessas datas, na minha casa a roupa sempre foi muito mais importante do que brinquedo, por isso, desde cedo aprendi a brincar só com os meus botões. Sem carrinho pra dirigir, cheguei de kichute na adolescência, e com os pés cheios de calos no coração.Naquela época não era fácil entender que existia um dia só para as crianças, mas ao mesmo tempo, só para algumas crianças. “Quem será que ensinou aos adultos a serem tão cruéis?”. Pois somente um adulto é capaz de ensinar uma criança a ter raiva e inveja ao mesmo tempo.Raiva porque as ruas nesses dias eram tomadas de cores e luzes da felicidade alheia, e inveja por que essas cores e luzes não brilhavam no meu quintal. De quebra também aprendi a odiar o Playcenter e o Papai Noel. Bom velhinho, sei...No caso das meninas fico pensando que também não devia ser diferente, não deve ser fácil acalentar a boneca da vizinha e chamá-la de minha filha ao mesmo tempo. Brincar de babá aos seis anos deve doer tanto quanto ser motorista aos sete. Sorrir com a alegria emprestada... é muito sério ser criança.Descobri que somos o país do futebol porque uma única bola, não importa de quem seja, é capaz de fazer a alegria de um bairro inteiro, e nessa hora não importa quem ganhou presente ou não. Para quem não sabe o futebol também é um esconderijo de crianças tristes e solitárias. Descalços ou não,uns chutam a bola, outros a vida.Não estou fazendo propaganda de supermercado e nem sei se as pessoas se tornam melhores porque na infância ganharam brinquedos ou não, só quis lembrar um tempo em que o algodão não era tão doce.Se vão presentear seus filhos, para que não se tornem poetas tristes como eu, não esqueçam, as crianças gostam que os pais venham como acessórios. Ou quem sabe, o contrário.
Sobre Kichutes e chuteiras - Sérgio VazEm outubro é o mês em que se comemora o dia das crianças, depois do natal, esse é o dia mais aguardado para qualquer menino ou menina, pois, teoricamente é um dia para receber presentes.Pra ser sincero não tenho boas lembranças dessas datas, na minha casa a roupa sempre foi muito mais importante do que brinquedo, por isso, desde cedo aprendi a brincar só com os meus botões. Sem carrinho pra dirigir, cheguei de kichute na adolescência, e com os pés cheios de calos no coração.Naquela época não era fácil entender que existia um dia só para as crianças, mas ao mesmo tempo, só para algumas crianças. “Quem será que ensinou aos adultos a serem tão cruéis?”. Pois somente um adulto é capaz de ensinar uma criança a ter raiva e inveja ao mesmo tempo.Raiva porque as ruas nesses dias eram tomadas de cores e luzes da felicidade alheia, e inveja por que essas cores e luzes não brilhavam no meu quintal. De quebra também aprendi a odiar o Playcenter e o Papai Noel. Bom velhinho, sei...No caso das meninas fico pensando que também não devia ser diferente, não deve ser fácil acalentar a boneca da vizinha e chamá-la de minha filha ao mesmo tempo. Brincar de babá aos seis anos deve doer tanto quanto ser motorista aos sete. Sorrir com a alegria emprestada... é muito sério ser criança.Descobri que somos o país do futebol porque uma única bola, não importa de quem seja, é capaz de fazer a alegria de um bairro inteiro, e nessa hora não importa quem ganhou presente ou não. Para quem não sabe o futebol também é um esconderijo de crianças tristes e solitárias. Descalços ou não,uns chutam a bola, outros a vida.Não estou fazendo propaganda de supermercado e nem sei se as pessoas se tornam melhores porque na infância ganharam brinquedos ou não, só quis lembrar um tempo em que o algodão não era tão doce.Se vão presentear seus filhos, para que não se tornem poetas tristes como eu, não esqueçam, as crianças gostam que os pais venham como acessórios. Ou quem sabe, o contrário.
Nesses tempos onde as mães jogam os filhos pelas janelas dos apartamentos, haverá um tempo que a gente não lembrará mais a falta dos brinquedos, e sim das crianças.
LEIA E REFLITA,POIS A PERIFERIA TEM SEMPRE A VEZ
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